Nesta quarta-feira (18), o Dia Mundial de Conscientização sobre o Câncer de Rim reforça a importância da detecção precoce da doença, que muitas vezes passa despercebida até atingir estágios mais avançados. O MT Saúde conversou com o oncologista clínico Bruno Heringer, que explicou por que o câncer renal é considerado “silencioso” e como exames de rotina podem ser decisivos para o diagnóstico precoce.
Segundo o especialista, o câncer de rim tem características específicas, não somente em sintomas, mas também no comportamento da doença, mesmo quando já se espalhou para outros órgãos.
"Ele possui alto potencial de recidiva mesmo sendo pequeno e inicial, e ultimamente mudou completamente o tratamento, saindo de uma neoplasia agressiva incurável para casos rotineiramente sob resposta completa com os novos tratamentos, em todos os órgãos acometidos, se houver", afirmou Heringer.
O oncologista explica que muitos sintomas atribuídos a outras doenças podem, na verdade, estar ligados ao câncer renal. Ainda assim, não existe um sinal clínico definitivo.
"Não há uma suspeita inexorável baseada em sintomas, e inúmeros outros problemas podem mimetizar, incluindo vários outros tumores, como também infecções: sangramento na urina, dor lombar, dor abdominal, dores ósseas, febre e emagrecimento", esclareceu.
Apesar de ser frequentemente assintomático no início, o câncer de rim exige atenção. Quando os sintomas surgem, o tumor geralmente já está em estágio avançado. Entre os sinais mais comuns estão sangue na urina — que pode ser imperceptível a olho nu —, dor na lateral do abdômen (flanco), febre e perda de peso sem causa aparente.
Em alguns casos, o câncer só é identificado quando o médico detecta uma massa no abdômen durante o exame físico. Outros sintomas inespecíficos, como cansaço excessivo, perda de apetite ou saciedade precoce (sensação de estar cheio rapidamente), também podem estar presentes.
"Por ser mais um órgão dentro da cavidade abdominal, lembro-os da etimologia de 'abdome' estar relacionada ao verbo latino 'abdere', que significa 'esconder' ou 'ocultar'. Por isso, quase sempre é uma descoberta inesperada", comentou o especialista.
Heringer também destacou que, atualmente, não há indicação de exames de rastreio específicos para o câncer de rim em pessoas sem sintomas. No entanto, quando há sinais que despertam suspeita, exames como ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) são recomendados.
Na maioria dos casos, a doença é descoberta por acaso, durante exames de imagem realizados por outros motivos, como a investigação de pressão alta. Uma vez que o câncer é suspeitado, tomografias e ressonâncias são essenciais para confirmar o diagnóstico.
Após a confirmação, novos exames podem ser solicitados para verificar se o câncer se espalhou, como radiografia do tórax, cintilografia óssea e exames de sangue. Em casos específicos, pode ser necessário recorrer à cirurgia ou biópsias para confirmar o diagnóstico ou investigar a presença de metástases.
Para o oncologista, manter os exames de rotina em dia é fundamental. "O mais importante é manter o check-up da saúde conforme a faixa etária preconiza, além de procurar por ajuda extra caso haja sintomas que não se resolvem ou descubram-se possíveis causas", reforçou.
Nos últimos anos, o avanço nos tratamentos transformou o cenário da doença. De acordo com Heringer, novas abordagens aumentaram significativamente a expectativa e a qualidade de vida dos pacientes.
"Mudaram uma doença com alto índice de mortalidade para altas chances de cura. Importante desmistificar a palavra câncer como algo irreversível, que não possa ser debatido de forma tranquila e aberta com seus familiares. São eles quem dão base para o sucesso", concluiu.
A maioria dos tumores sólidos nos rins é maligna, mas os cistos — formações líquidas — geralmente não são. O tipo mais comum é o carcinoma de células renais. Já o tumor de Wilms, um tipo raro, ocorre principalmente em crianças.
O câncer de rim pode causar sangue na urina, dor lateral ou febre. Mesmo sendo um tumor grave, sua remoção por cirurgia — especialmente se realizada antes de metástases — pode levar à cura.
Diante de qualquer sintoma persistente, a recomendação é clara: procure um especialista. O cuidado com a saúde é o caminho mais seguro para uma vida longa e tranquila.
