No mês de junho, dedicado à conscientização sobre a anemia e a leucemia por meio da campanha Junho Laranja, especialistas reforçam a importância de identificar sinais precoces que podem passar despercebidos, mas que podem indicar doenças graves. A leucemia, por exemplo, pode se manifestar de forma silenciosa, com sintomas que muitas vezes são confundidos com quadros comuns de cansaço ou infecção.
De acordo com o hematologista André Crepaldi, os sinais iniciais costumam ser genéricos. "A anemia pode causar fraqueza, palidez no corpo, cansaço. A leucemia também pode apresentar os mesmos sintomas, mas normalmente vem acompanhada de alterações sanguíneas mais complexas", afirmou ele.
A leucemia é uma doença causada por alterações na medula óssea — o tecido responsável pela produção de células sanguíneas. Segundo o médico, isso afeta diretamente a saúde do sangue.
"A leucemia é uma doença causada por uma anormalidade dentro da medula óssea, que é a produção de sangue, é onde se produz sangue no adulto, é a nossa fábrica de sangue. Além dos sintomas que a gente estava falando de anemia, fraqueza, cansaço, palidez, tudo isso é decorrente da queda dos glóbulos vermelhos, a queda dos glóbulos vermelhos é o que a gente chama de anemia", explicou André.
Além da queda nos glóbulos vermelhos, alterações nos leucócitos — glóbulos brancos — também são comuns. Essas células são fundamentais para o sistema imunológico, e sua alteração pode facilitar infecções recorrentes e diversas.
"Além disso, tem as outras coisas que é o aumento dos glóbulos brancos ou diminuição dos glóbulos brancos, que são os leucócitos. E isso normalmente causa distúrbios do funcionamento da imunidade, levando a infecções frequentes em qualquer parte do corpo, ou seja, o paciente pode apresentar infecção pulmonar com pneumonia, uma infecção de pele, pode ter infecção de garganta intestinal", acrescenta Crepaldi.
Outro sinal que deve acender o alerta é a queda nas plaquetas — células responsáveis pela coagulação do sangue. Essa condição pode causar sangramentos espontâneos e o aparecimento de manchas roxas pelo corpo.
"Outro, por fim, último sintoma que é muito comum é decorrente da queda das plaquetas, que é um componente também do sangue produzido pela medula óssea. A queda dessas plaquetas normalmente está associada a manchas roxas pelo corpo e presença de sangramentos, esses que podem acontecer na gengiva, na pele, no intestino", comentou.
A atenção a esses sinais é fundamental, especialmente entre crianças e jovens, que muitas vezes não conseguem expressar claramente os sintomas. Pais e responsáveis devem observar mudanças no comportamento e aparência, como cansaço excessivo ou hematomas incomuns. Em adultos, a recomendação é buscar atendimento médico para uma avaliação detalhada.
Outro fator que influencia diretamente a saúde do sangue é a alimentação. Uma dieta equilibrada, rica em ferro e vitaminas, pode prevenir diversos tipos de anemia.
"A gente tem, por exemplo, a deficiência de ferro, que é comum, principalmente em mulheres, pela questão do ciclo menstrual. Quando a mulher perde sangue no ciclo menstrual, perde bastante ferro junto, e frequentemente essas mulheres, quando têm um excesso de sangramento ou uma alimentação inadequada, vão desenvolver anemia", apontou Crepaldi.
Entre os alimentos recomendados estão carnes, vegetais escuros, leguminosas e cereais enriquecidos. Além do ferro, vitaminas como a B12 também são fundamentais para o bom funcionamento do organismo.
"A deficiência de B12, outra vitamina que, quando deficiente, pode causar vários problemas no organismo — desde problemas neurológicos até anemia. E isso também, com uma alimentação balanceada, evita-se esse problema", completou.
Outro ponto de atenção destacado pelo especialista é a exposição a produtos químicos, especialmente em ambientes de trabalho. A falta de equipamentos de proteção pode comprometer a medula óssea e gerar doenças no sangue.
"Outra coisa importante do cuidado do sangue e que precisa ser alertada é com relação a produtos químicos. Vários deles podem ser tóxicos para o organismo, e esse efeito colateral tóxico também pode prejudicar a medula óssea. É importante usar os equipamentos de proteção, principalmente para trabalhadores, que muitas vezes deixam de usar e acabam tendo problemas", alerta Crepaldi.
Por fim, ele destaca que, em geral, a consulta com um hematologista ocorre por encaminhamento médico. Raramente o paciente busca esse especialista de forma espontânea, exceto em casos de doenças hereditárias.
"Habitualmente, o paciente procura um clínico, um médico da sua especialidade, e esse vê a necessidade de uma avaliação por tratamento — seja das doenças benignas, seja dos tumores como leucemias, linfomas, que são as principais doenças oncológicas do sangue", finalizou ele.
A conscientização é o primeiro passo para o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz da leucemia e outras doenças do sangue. Observar os sinais do corpo, manter uma alimentação equilibrada e buscar orientação médica diante de qualquer sintoma persistente pode fazer toda a diferença. Ao menor sinal de anormalidade, é essencial procurar um profissional de saúde — e, quando necessário, o encaminhamento a um hematologista pode ser decisivo para preservar a vida e garantir qualidade no tratamento.