O Julho Amarelo é o mês dedicado à conscientização e mobilização da população sobre a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento das hepatites virais, doenças silenciosas que afetam o fígado. A campanha também acende um alerta importante sobre os cuidados diários com a saúde e a necessidade de um acompanhamento médico contínuo.
De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), no Brasil, os tipos mais comuns de hepatites virais são causados pelos vírus A, B e C. Há ainda o vírus da hepatite D, mais frequente na região Norte do país, e o vírus da hepatite E, que é menos comum no Brasil, sendo mais prevalente em regiões da África e da Ásia.
A hepatologista Suzana Carla Pereira de Souza explica que a escolha do mês tem relação direta com o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2010. A data homenageia o aniversário do geneticista Baruch Blumberg, que em 1963 isolou o chamado “Antígeno Austrália”, abrindo caminho para o desenvolvimento da primeira vacina contra a doença.
A especialista ressalta que é possível levar uma vida normal mesmo após o diagnóstico, desde que o tratamento seja seguido de forma adequada.
"Em especial nas infecções por vírus que podem levar à cronicidade da doença (B, C e D), inclusive possibilitando a sua cura (no caso da hepatite C). As hepatites A e E são tratadas apenas com medicações para alívio dos sintomas, e não deixam sequelas no fígado, permitindo uma vida normal após as infecções", contou a médica.
O acompanhamento médico é essencial, especialmente para casos crônicos. Suzana explica que, com monitoramento regular, é possível manter a saúde do fígado sob controle e evitar complicações mais graves.
"Adoção de hábitos de vida saudáveis como alimentação adequada, prática de atividade física, cessar fumo e evitar ingesta alcoólica; usar preservativos durante prática de atividade sexual; não compartilhar objetos de uso pessoal (como escovas de dente, lâminas de barbear, alicates), e atenção ao fazer tatuagens e piercings", explicou a hepatologista.
A testagem é um dos pilares da prevenção e está amplamente disponível. Souza reforça que a população pode realizar testes rápidos ou exames sorológicos (laboratoriais) para detecção dos vírus nas unidades básicas de saúde ou em Centros de Testagem e Aconselhamento, ambos oferecidos gratuitamente pelo SUS durante todo o ano, e não somente em julho.
Além do diagnóstico, o acompanhamento médico contínuo é imprescindível para quem vive com hepatite viral. A frequência dos exames varia conforme o tipo de hepatite e o perfil do paciente. No caso das hepatites A e E, que são infecções agudas e geralmente benignas, o acompanhamento a longo prazo não é necessário.
"Já no caso dos pacientes com hepatites virais crônicas – B, C, D - que podem levar a complicações como cirrose, insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular, devem ter acompanhamento médico especializado, com monitoramento a cada 6 meses, ou até em intervalos mais curtos, a depender do caso", finalizou ela.
Por isso, a prevenção começa com hábitos simples, como lavar sempre as mãos, higienizar corretamente os alimentos, consumir apenas água tratada e evitar o contato com locais de esgoto a céu aberto ou com más condições de saneamento básico. E, acima de tudo, procurar orientação médica especializada e seguir o acompanhamento indicado de acordo com cada caso.