Entre 2000 e 2023, o Brasil confirmou 785.571 casos de hepatites virais, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). A maior parte das notificações foi de hepatite C (40,6%), seguida pelas hepatites B (36,8%) e A (21,8%). Já as hepatites D e E somaram, juntas, menos de 1% dos casos.
Instituído por lei federal, o Julho Amarelo tem como objetivo ampliar a conscientização sobre a importância da prevenção, do diagnóstico e do tratamento das hepatites virais, doenças que podem evoluir para quadros graves, como cirrose e câncer de fígado, quando não tratadas.
A hepatologista e gastroenterologista, doutora Suzana Carla Pereira de Souza, explicou que as hepatites virais são doenças provocadas por vírus que afetam o fígado. "Existem cinco tipos de hepatites virais: A, B, C, D e E, com diferentes características quanto ao modo de transmissão, sintomas e formas de tratamento", afirmou a especialista.
Ela acrescentou que a hepatite viral normalmente é silenciosa, ou seja, a pessoa infectada não apresenta sintomas. Pode ser descoberta por acaso, durante uma testagem rápida em campanhas, na realização de exames sorológicos antes de cirurgias (exames pré-operatórios) ou em solicitações médicas de rotina, por exemplo.
"A pessoa infectada não costuma apresentar sintomas. Quando presentes, eles podem se manifestar com pele amarelada, urina escura e fezes claras, cansaço, febre, mal-estar, vômitos e dor abdominal", explicou a hepatologista.
De acordo com a médica, a população pode realizar testagem rápida ou exames sorológicos laboratoriais para detecção dos vírus na unidade básica de saúde mais próxima da residência, ou em Centros de Testagem e Aconselhamento da cidade. "Ambos estão disponíveis gratuitamente no SUS durante todo o ano, e não somente nas campanhas do mês de julho", complementa Suzana Souza.
A doutora destacou ainda que o acompanhamento médico contínuo para pessoas com hepatite viral e a frequência do monitoramento dependem de cada paciente e do especialista responsável.
No caso de pacientes contaminados com hepatites A e E, que são agudas e geralmente evoluem de forma benigna, não é necessário acompanhamento médico.
"Já no caso dos pacientes com hepatites virais crônicas – B, C e D – que podem levar a complicações como cirrose, insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular, o acompanhamento médico especializado deve ocorrer com monitoramento a cada seis meses, ou até em intervalos mais curtos, a depender do caso", concluiu.
Além da vacinação, medidas de higiene são essenciais para evitar o contágio, como lavar as mãos, cozinhar bem os alimentos e higienizar frutas e verduras. Também é recomendável o uso de preservativos durante as relações sexuais e atenção ao consumo de água potável, especialmente em viagens.
Por isso, procure um médico e realize os exames necessários para garantir o acompanhamento e tratamento adequados, visando qualidade de vida e a possibilidade de conviver normalmente com a família e os amigos.