De acordo com o boletim InfoGripe, publicado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o ano de 2025 registrou um aumento significativo nos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), com cerca de 94 mil notificações até o momento. Desses, aproximadamente 50% foram positivos para algum tipo de vírus respiratório.
O pneumologista Ronaldo Barros destaca que a circulação de vírus respiratórios está mais intensa, com predominância do influenza A. Nos últimos dias, a influenza A tem se mostrado ainda mais prevalente, especialmente nas últimas quatro semanas. Para ele, o aumento de casos é esperado, já que o inverno é um período propenso à propagação desses vírus. No entanto, o especialista observa que, embora a influenza seja comum nessa época, o crescimento observado em 2025 é especialmente expressivo.
"Este aumento pode ser explicado por diversos fatores, incluindo as condições climáticas, que favorecem a disseminação dos vírus, e a vacinação, que tem sido cada vez mais negligenciada pela população. A queda na adesão à vacina contra a influenza nos últimos anos é um problema sério, pois a vacina é fundamental para reduzir a circulação do vírus e proteger a população", afirma o pneumologista.
Barros também enfatiza que, além de cada indivíduo se vacinar, a imunização deve ser encarada de forma coletiva, especialmente por grupos de risco, como idosos e crianças. Quanto maior a cobertura vacinal, maior a proteção da população.
Em relação às hospitalizações, o especialista explica que crianças e idosos são os mais afetados pela síndrome respiratória aguda grave. Esses grupos, com o sistema imunológico mais vulnerável, têm mais chances de desenvolver complicações graves, como pneumonia viral, infecções bacterianas secundárias e desidratação.
"As infecções virais podem desencadear um quadro inflamatório generalizado, comprometendo órgãos como os pulmões, e resultando em sintomas intensos, como tosse, coriza, mialgia e até mesmo pneumonia viral. Quando o quadro viral evolui para uma infecção bacteriana, como sinusite ou pneumonia bacteriana, a necessidade de internação se torna mais urgente", alerta Barros.
O aumento de casos de SRAG é notável em todo o Brasil, com os dados mais recentes do InfoGripe indicando uma escalada no número de infecções. No entanto, alguns estados começam a mostrar sinais de estabilização, como Acre, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e o Distrito Federal.
"No estado de Mato Grosso, por exemplo, a tendência ainda é de elevação, e é importante frisar que a situação permanece preocupante, especialmente nas regiões Centro-Oeste do Brasil. A vacinação continua sendo a principal forma de prevenção, mas precisamos também destacar o aumento dos casos de infecção pelo vírus sincicial respiratório (VSR)", comenta o pneumologista.
O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é outro agente viral que tem causado alta incidência de SRAG nos últimos dias. Nas últimas quatro semanas, 40% dos casos foram positivos para influenza A e cerca de 45% para o VSR. Esse vírus, apesar de comum, é particularmente perigoso, podendo resultar em hospitalizações graves e até mortes, especialmente em idosos e pessoas com comorbidades, como doenças pulmonares crônicas, doenças cardiovasculares e diabetes.
"O VSR é um vírus potencialmente letal, especialmente para idosos e pessoas com doenças respiratórias crônicas, como DPOC, fibrose pulmonar e doenças cardíacas. Embora crianças também possam ser infectadas, a maioria se recupera sem grandes complicações", explica Barros.
O pneumologista também alerta para a importância da vacinação contra o VSR. Embora já exista uma vacina específica para esse vírus, ela está disponível apenas na rede privada. Para a população acima de 60 anos e para aqueles com comorbidades respiratórias e cardiovasculares, a vacina é altamente recomendada, mas ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
"Infelizmente, a vacina contra o VSR ainda não é oferecida pelo SUS, mas está disponível nas clínicas particulares. Se você faz parte do grupo de risco, procure orientação médica e se vacine. A proteção contra esse vírus pode fazer toda a diferença", finaliza Barros.
O aumento dos casos de síndromes respiratórias graves neste ano de 2025 é motivo de preocupação, especialmente pela combinação do aumento da circulação de vírus respiratórios e a queda na taxa de vacinação. A orientação dos especialistas é clara: a prevenção, por meio da vacinação, é essencial para reduzir a propagação do vírus e evitar complicações graves, especialmente para os grupos de risco.